domingo, 8 de abril de 2012

REPARTIÇÕES PÚBLICAS

REPARTIÇÕES PÚBLICAS
João Eduardo Ornelas
Nas repartições públicas sempre acontecem fatos engraçadosQuer seja alguém que tromba com uma porta de vidro que não conseguiu verquer seja pelas respostas atravessadas e comentários infelizes que se tornam anedotas a partir de entãoSão Chico não foge à regra e temtambém algumas historinhas engraçadas.
POSTO DA MINAS CAIXA
Algumas dessas histórias aconteceram no posto da extinta Minas Caixa. Numa delas a escrituraria estava preenchendo o cadastro do cliente, perguntando-lhe diretamente os dados necessários. Estava sentada numa mesa de lado datilografando o formulário numa posição em que nãovia diretamente o cliente. Perguntou-lhe o nomeidadeestado civil, etc. Tudo corria normal quando ela solicitou : 
---O nome do pai
nadaEntão perguntou de novo
---O nome do pai por favor
Silencio mais uma vez
moça então levantou os olhos da máquina, olhou para o cliente e disse: 
---O nome do pai por gentileza
---De novo? Perguntou o homem impaciente. E fez o pela terceira vezcom as mãos o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santoamém.

Noutra oportunidade o funcionário passou para um cliente um calhamaço de documentos para serem assinados, marcando com um X os locais devidos. O homem olhou, achou a linha pequena e disse: 
---Meu nome não cabe nesta liinha aqui não
---O senhor pode rubricar, respondeu o funcionário
---Ru o que? Estranhou ele
---Pode escrever resumido, simplificou o funcionário
---Tem certeza? Quis saber o senhor
---Tenho, o senhor pode escrever resumido que não tem problema
---Ah, bão.

E pos-se a escrever via por vialentamente  que tinha pouca desenvoltura com a escritaEnquanto isso O atendente foi adiantando outros serviços deixando o cliente à vontade. Uns 15 minutos depois o homem disse: 
---Já acabei, e entregou as folhas
Quando o funcionário olhou, não teve como conter o risoEm vez de assinar o homem havia escrito em todas as vias a palavra RESUMIDO


 

BANCO BAMERINDUS 

 

Outro fato interessante aconteceu no também extinto Banco Bamerindus. Um cliente com fama de brabo, desses que não admite levar desaforo pra casa teve um cheque devolvido e sua imagem arranhada. Encheu-se de indignação e apregoou publicamente que iria à agencia bancáriacontar prosa pra todo mundo, e se alguém se metesse à besta com ele, tascava fogo em tudo. A noticia chegou antes dele, e os funcionários ficaram apreensivos. O Segurança, na época o Julio do Chiquinho Patrocínio redobrou a atenção
Eis que surge o cidadão  na esquina até bufando. Alguém avisou: 
---Se preparem que  vem a fera.

Acontece que naquele diaantes do expediente ao público a agencia havia sido encerada, e quando isso acontecia, o piso ficava muito escorregadio. O cliente apontou na porta enfurecido e ao pisar no capacho da entradaeste escorregou e chiou como se fosse um trenó sobre o gelo. O cliente desequilibrou-se e esborrachou-se contra o balcão
gerente veio cheio dedos e perguntou: 
---O senhor de machucou, Seu Fulano
Seu fulano ficor tão desconcertado que disse com um sorrisinho sem graça
---Voltou um chequinho meu , né? Pois é, eu vim cobrir.

Antiga Agencia do Bamerindus


 

SEÇÃO ELEITORAL
Trabalhei em várias eleições como presidente de seção. É triste ver pessoas jovens, belas inclusiveque são analfabetas. Como não assinam, é preciso pegar a impressão digital. É constrangedor pra gente e para os eleitoresque ficam sem graça, falam baixinho que não assinam e saem escondendo o dedo sujo de tinta.
Há aqueles que aprenderam a desenhar o nome apenas para tirar documentoQuando se pede que assinem costumam dizer
---Ah, meu filhonão sei se vou conseguir, tem muitos anos que não assino tô destrenado. Não pode ser no dedão não
---Infelizmente não, se consta no documento a assinatura precisa constar também na folha de votação
Eles então começam a copiar do documentoquase sempre as mãos calejadas e endurecidas pela lida na roça. Ficam cobertos de suor, os coitados.

Há contudo os que não se importam, o fato de não assinarem é um simples detalheCerta vez um eleitor falastrãobem humorado e saliente veio votar na minha seção
---Assina aquipor favor. Falei 
---Eu não assino não, tem que ser no dedão. 
---então bota o dedão aqui
Ele veio com o dedão esquerdo e eu disse: 
---Não, esse não, tem que ser o direito
---Não sô, é que eu sou canhoto, responde o eleitor arrancando gargalhadas de todos



 

OUTRA DE ELEIÇÃO
Numa das últimas eleiçõesnão me lembro qual, encontrava-me na praça conversando com um amigoComo na ocasião eu  residia fora da cidade, o dia da votação é sempre uma oportunidade para rever os amigosPois bem, surgiu um casal conhecidocom qual travei conhecimento notempo em que era secretário de saúde.
Me cumprimentaram animadamente dizendo que sentiam minha falta e me perguntaram se eu estava apoiando algum candidatoQuer dizer, estavam claramente colocando seus votos á minha disposiçãoApesar de não estar pedindo votos pra ninguémeu tinha meus candidatospreferidos, e diante de tamanha facilidade não me contive. Peguei uma caneta com o amigo que estava fazendo boca de urna, e anotei discretamente os números dos candidatos num papelzinho, tomando cuidado para não ser flagrado no ato ilegal.
Entreguei a eles o papeleles disseram que eu podia ficar tranqüilo e que era uma satisfação votar nos meus candidatos. Ao estenderem as mãos para se despedirem, não pude deixar de ver ambos com o polegar direito sujo com a tinta do carimbo da seção de votação. Os fingidos haviam votado. Não agüentei e caí na gargalhadaassim que eles se foram. Meu amigo não entendeu nada, e quando eu lhe contei, acompanhou-me na crise de riso.

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