domingo, 8 de abril de 2012

CASO DE SUFRÁGIO


CASOS DE SUFRÁGIO 
Autor: Alexandre Abreu

Meu Tio contava um caso que ocorreu  pelos anos 70, de uma pessoa simples que se atrasou para a votação chegando um pouco depois da distribuição das senhasMas ele não desanimou foi até o presidente da seção e argumentou:
---Eu  cheguei um pouquinho atrasado.
---Mas você teve o dia todo para votar. Falou o presidente da seção eleitoral que era um homem de voz firme e que tinha o respeito de toda a cidade. Tratava-se de um renomado professor e além disso, naquele momento estava investido do cargo autoridade máxima da seção.
---Eu estava puxando eleitores para o nosso candidato pela manhã.
---E na parte da tarde? ¿ Insistia o presidente.
---Eu estava fazendo boca de urna para o nosso candidato.
Mas o presidente parecia não confiar no voto daquele eleitor que se dizia correligionário. Seria muito bom para ser verdademais um voto no final da eleição para consagrar o seu querido candidatoAli na seção estavam além do presidente, o primeiro mesário e o simplório eleitor. O segundomesário que era partidário do outro candidato  não estava mais . Seria mais um voto para selar a vitória que parecia ser esmagadora de seu candidatoque contava com todo o apoio da prefeitura, da polícia (extremamente importante devido à época), da câmara municipal e da maioria dosfazendeiros e comerciantes da regiãoquiçá do governador da “província”.

---Lembra daquele emprego  no posto? Argumentou o eleitor.

 

---De Saúde?  Perguntou o presidente.

 

---Não, de gasolina. Foi o nosso candidato que arranjou para mimEle é meu amigo de infância. (Na verdade candidato a prefeito e o simples eleitor eram da mesma idade mas nunca foram amigos nem inimigos de infância)
---Então tá bom pode votar. Deixou o presidenteconvencido devido à insistência e os argumentos do eleitorTambém pensou “um voto a mais um a menos não vai fazer diferença”.

eleitor humildemente foi para a cabine, demorou para escolher e saiu de  com a cédula eleitoral dobrada. Na hora de colocar a cédula na urna, acenou para o presidente primeiro com o polegardepois depositou o voto e fez “V”da vitória, e acrescentou sarcasticamente, em voz alta:

 
---Vai Dentão.
Dentão era o apelido do candidato adversário do presidente da seção que ganhou por uma vantagem mínimaRealmente um voto não fez diferença.

até o hoje, o presidente da seçãoolha entre dentespara o simples eleitor que o enganou com mentiras e falsas verdades para atingir o seu objetivoNada diferente da maioria das pessoas e políticos que atuam e vivem neste paísRealmente não existe razão para tanta raivarancor e tristezapois um voto não fez diferençaMas o ato de traição assumido logo após a sua conclusão, foi demais. E justamente ele que era tão correto foi dar vantagem ao adversário após a hora devidaIsso pra ele foi demaisnão conseguiu engolir o episódio que culminou com um resultado desastroso do que foitalvez a sua única atitude política. Desiludido, pediu a justiça eleitoral o seu desligamento daquela presidência após longos anos de serviços prestados a nação.
 

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