domingo, 8 de abril de 2012

ABELHAS FURIOSAS

Abelhas Furiosas
Vou contar para vocês um episódio onde eu, o Eraldo, um primo dele que não me lembro o nome e que estava passando uns tempos lá e o Vasco que morava na casa da dona Leila, descobri um cupim com um enxame de abelhas no pasto perto da caixa dagua, esta descoberta se deu quando eu estava procurando cupim branco ou com asas já formadas para pescar lambari, isto foi logo pela manhã porque nós saíamos da cama cedo para aproveitar o máximo possível do dia. Como esta empreitada não era só para um, fui logo procurando quem estivesse disponível para esta aventura, e como estava próximo a casa do Eraldo, chamei por ele e começamos a traçar os planos, e neste meio tempo chegaram os outros personagens. Aquela peleja estava se arrastando toda a manhã e já começava a parte da tarde, não me lembro bem se preocupamos em almoçar, o nosso objetivo era um só, abrir aquele cupinzeiro e retirar o mel que imaginávamos ter ali, favos recheados do mais puro néctar, doce e dourado, uma jóia.
Usando de todos os artifícios que tínhamos nas mãos, a única coisa que conseguíamos era enraivecer as pobres abelhas, a todo momento em revezamento um ia e cutucava o cupim tentando quebrar. Como estávamos ao alcance dos chamados de nossas mães ninguém se preocupava em ver o que aqueles peraltas estavam a fazer, parecia tudo sobre controle para elas, como não se pensava em outra coisa não vimos quando subiram para a caixa dagua uma turma distinta, o sr. Lauzinho, Pe. Inácio, sr. Agenor, sr. Tuim e o sr. Nhonho, era uma espécie de inspeção que foram fazer, assim imagino eu.
Nesta altura da peleja já havíamos perguntado para alguns como se fazia para espantar abelha de buracos, mas discretamente porque já tinha gente demais para dividir o tesouro, uns falavam para colocar fogo em pano na beira do buraco, que com a fumaça elas saiam e fugiam, bom neste vai e vem eu achei uma cavadeira de cabo grande que pertencia ao meu avô, ai eu pensei agora vai dar certo, e o problema envolvendo pirralhos como nós é quando parece que tudo vai dar certo e nem sempre é bem assim. Era mês de agosto e como todos sabemos o vento sopra forte para o lado da dona Amora, ou seja ribeirão abaixo, este vento também era bom para soltar papagaio do adro da igreja e de dar grandes quantidades de linha para ver qual subia mais, hoje não é mais assim, bom isto é uma outra história, e foi ai que aconteceu o primo do Eraldo era um pouco mais forte que nós e usando a cavadeira ele conseguiu quebrar a tampa do cupim, agora era só ir e revirar, então chegou a minha vez de agir, corri até lá e acabei de tirar a tal tampa e o buraco ficou exposto assim como todo o enxame. Foi um grande alvoroço abelhas furiosas para todos os lados, principalmente para o lado da caixa d’agua onde ainda estava o pessoal da tal inspeção com exceção do Pe. Inácio que acabara de descer e estava na porta da barbearia conversando com meu pai, na rua muito já haviam sido ferroados e portas e janelas foram fechadas, mas ninguém sabia de onde vinham as danadas das ferinhas, e nós escondidos em uma vala que existia cortando o pasto esperando a hora em que tudo se acalmaria para saborear o mel.
O sr. Nhonho como sempre fazia tinha acabo de raspar a cabeça com navalha com meu pai, e como sabemos ele tinha um problema na perna, mas como nós iríamos pensar nisto. A verdade é que não se sabe como ele conseguiu chegar tão rápido ou talvez primeiro que os outros lá na rua e ir para dentro de casa, se bem que com muitas ferroadas assim como os outros, o fato é que conversando com tia Paschoalina e sempre com um sorriso matreiro no canto dos lábios, parecendo saber de que era aquela obra, ela disse que gastou bastante linha e pedaços de retalhos para tapar os rombos na retaguarda da calça que ele estava usando, mas de fato é que não se sabe ao certo. Bom como todo feito tem um dono este não poderia ser diferente, a bendita dona Maria do Rosário indo como sempre para a igreja me viu no exato momento em que corri de volta, e assim que terminou a confusão foi direto expor para o meu pai que tinha sido eu que aprontou tudo, como é de se imaginar a nossa criação não teria outro desfecho a minha sorte, uma bela de uma surra, o lucro ainda foi bom porque quando soube que o Pe. Inácio estivera escapado por pouco, não dá nem para pensar se tivesse acontecido algo com ele.
O interessante é que sempre protegíamos uns aos outros e nunca revelei nada quem eram os meus companheiros. Muitos anos se passaram nós já homens formados, um dia em que fui passear em São Chico, como sempre fazia fui visitar sr. Nhonho e entre uma conversa e outra deu a entender que sabia que tinha sido eu o autor daquela arte, mas nunca tocou no assunto, pois acho que no fundo ele tinha um certo orgulho de ter feito a façanha de ser mais rápido que os normais que estavam com ele, grande saudade destes personagens que fizeram parte de nossa infância e sempre nos tratavam com carinho, porque na realidade éramos uma grande família de coração, que Deus os tenha em sua companhia. Para terminar “NÃO HAVIA UMA GOTA DE MEL NAQUELE CUPIM”.
Por: Jonatas do João barbeiro

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