domingo, 8 de abril de 2012

LEMBRANÇAS DO DJALMA

LEMBRANÇAS DO DJALMA 11/11/2003
João Eduardo Ornelas 

 

Quero relembrar uma figura típica de São Chico que deixou saudades naqueles que com ele conviveram, devido a seu bom humor e presença de espírito. Trata-se do Djalma Mariano de Souza, que possuía uma venda próxima á casa do Xadinho. Era figura certa na roda de canastra na casa doseu Nhonhô, olhando por sobre os óculoscom as cartas todas desorganizadas nas mãosQuando pegava o lixo dizia: “Adios Pampa mia”, ou “Adios Muchachos”, significando “sinto muito mas  ganhei”. Seu Nhonhô ficava triscando de raivaQuando alguém fazia uma contagem de ponto errada, dizia: “o Mobral tá funcionado”. Perdia o amigo mas não perdia a piada.
Pois bem, a historia que quero narrar aconteceu no comércio do Djalma, dessas vendas mal iluminada, onde o cliente entrava tropeçando num saco de batatas, relando a cabeça numa lingüiça pendura num varal, o rolo de fumo sobre o balcão, etc.
Um dia, um cliente pediu cem gramas de salame e uma pinga. Djalma serviu a cachaça e o salame sobre um pedaço de papel de embrulho, como de praxe. O freguês, que tinha os dentes cariados, que mais se pareceriam com pavios de isqueiro, sempre que mastigava um pedaço de salame, dava aquela chupada que emitia um chiado cumprido: “ssssssssiiiiiiiiiissssssss”. 
E após cada chiado, Djalma fazia com a boca:  “pumpum.”

E assim prosseguiu aquela coisa esquisita. O homem  estava na sexta pinga e na segunda porção de salame, e o diálogo de onomatopéia prosseguia: 

 

---“ssssiiiiiiiiiiiissssss” 

 

---“, , pum, pum”. 

 

Ate que o freguês ficou intrigado e perguntou o que significava aquilo.
---É o foguete, respondeu o Djalma.
---Foguete, mas que diabo de foguete é esse, quis saber o freguês.
No que Djalma respondeu:
---Uai, você não esta imitando o barulho das bombas do foguete saindo, pois eu estou te ajudando e imitando o barulho dos tirosVocê solta e eu estouro.

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